Avaliação de bens: aprimoramento profissional!

Antes disso, estudiosos isolados, como o Engenheiro Luiz Carlos Berrini, entre outros, produziram a base seminal (Avaliação de Terrenos – 1941; e Avaliação de Imóveis – 1949) do que viria a se transformar em um complexo e rico cabedal que norteia a elaboração de trabalhos que são fundamentais para subsidiar balanços de empresas, fusões e aquisições, operações financeiras, política habitacional, relações comerciais de diversas naturezas, indenizações securitárias, aplicação da Justiça e a implantação e concessão de infraestrutura. Hoje as economias, no mundo capitalista, são significativamente dependentes de laudos de avaliação.

Assim, um segmento que começou de maneira tímida, através, fundamentalmente, de engenheiros e arquitetos que se dedicavam a atuar como peritos em processos judiciais, transformou-se em um considerável conjunto de empresas que abrigam e mobilizam sofisticadas equipes de avaliadores especializados nos diversos segmentos que compõem esse importante ramo do conhecimento.

A União Pan-americana de Associações de Avaliação (Upav – www.upav.org), fundada em 1949 com ativa participação dos mesmos profissionais que deram origem ao Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape – www.ibape-nacional.com.br), atualmente tem filiados em 16 países e anualmente promove um concorrido congresso que proporciona intercâmbio de conhecimento e desenvolvimento tecnológico. A 31ª edição desse evento, neste ano de 2016, vai ser realizada de 19 a 21 de outubro na cidade do Rio de Janeiro.

Um dos principais focos da União, e também do Ibape, está na consolidação de normas técnicas que propiciem segurança tanto para quem contrata quanto para quem produz trabalhos de avaliação. Enquanto a primeira entidade tem como referência as normas produzidas pelo International Valuation Standards Council (IVSC), a entidade brasileira, desde 1998, tem tido uma destacada participação na produção e aperfeiçoamento da norma ABNT NBR 14653 Avaliação de Bens, que é constituída pelas seguintes sete partes: 1. Procedimentos Gerais; 2. Imóveis Urbanos; 3. Imóveis Rurais; 4. Empreendimentos; 5. Máquinas, Equipamentos, Instalações e Bens Industriais; 6. Recursos Naturais e Ambientais; e 7. Bens de Patrimônios Históricos e Artísticos.

É oportuno mencionar que, além de estabelecer regramento de procedimentos, as normas têm por propósito universalizar conceitos de tal sorte que as avaliações feitas no Brasil sejam aceitas por empresas e organismos de outros países e vice-versa.

Nesse sentido, é importante que seja destacado que a normalização, alinhada a conceitos internacionais, vem sendo implementada em nosso País de forma permanente e que as oportunidades para debater temas dessa natureza em congressos internacionais são excepcionalmente bem-vindas e proveitosas.

Considerando que variações decorrentes de ciclos econômicos em permanente movimento exercem uma influência determinante no valor dos bens, o aprofundamento do conhecimento técnico e o debate sobre métodos e ferramentas que nos permitam fazer estimações precisas devem ser estimulados e aproveitados por todos aqueles que de alguma forma têm interesse pela matéria.

* Octavio Galvão Neto é Engenheiro Civil, Ex-Presidente do Ibape e Coordenador do XXXI Congresso Pan-americano de Avaliações, e da Comissão de Estudo da norma ABNT NBR 14653 Avaliação de Bens.